terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Olá galerinha....

Fiquei devendo algumas fotos iradas sobre o último post... sorry, aí estão. Aproveitem!



Heritage Custom












Electra Glide Ultra Classic





Se liga no painel desta moto...

















Deluxe









Olha o escapamento...
revestido de pintura "Teflon"
customização de alto porte

terça-feira, 17 de novembro de 2009

CuStOmIzE-sE

.Não basta ter uma Harley, é preciso ser diferente

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...............................Há uma lenda entre os “harleiros” que diz que você nunca vende a sua primeira moto, compra outra. Lenda, mito, fascínio. Palavras comuns quando se trata da famosa marca americana que representa o símbolo de uma conquista e a realização de um sonho. Mas quem pensa que adquirir uma Harley é o estágio máximo para esses motociclistas, engana-se. A busca por um diferencial fez com que a customização se popularizasse, já que é a própria “personalidade” do dono presente em cada parte da moto que a torna única.

As chamadas “Choppers” são as motos que têm sua estrutura modificada, como o guidão mais alto, o garfo dianteiro estendido e o escapamento diferenciado. O verbo “to chop” em inglês quer dizer cortar, retalhar. Este peculiar estilo de motocicleta teve sua origem na Harley Davidson (H-D) nas décadas de 50 e 60. Os proprietários das H-D queriam motos mais leves como as inglesas mas sem desfazerem-se das suas, começaram a desmontar peças (to chop), como bagageiros, buzinas, setas, acentos do garupa, freios e paralamas dianteiros, retirando assim todo peso considerado “desnecessário”. Mais tarde prolongaram os garfos dianteiros e levantaram o guidão para “cortar” o ar e adquirir mais estabilidade nas rodovias. Mas foi na década de 70 que as “Choppers” passaram ao status de obra de arte, ganhando diversas revistas especializadas e sendo inclusive tema de exposições em galerias de arte.

A febre das motos custom (cuja tradução do inglês é “a costume do dono”), criada pela H-D, atingiu um clímax de grande intensidade nos anos 90 e virou um estilo de vida para boa parte dos motociclistas, tornando-se prática comum nos Estados Unidos, mas nem tanto aqui no Brasil. Houve grandes dificuldades entre os mais “céticos” e fanáticos para aceitar o novo “estilo”, como explica o artista plástico e publicitário, Hélcio Zambotto, dono da loja de customização AZ Motorcycles: “o preconceito estava focado principalmente nas peças e acessórios fabricados no Brasil. Havia a idéia de que qualidade só existia nos produtos americanos. As portas para o mercado de customização abriram-se de uns cinco anos pra cá, quando mais pessoas puderam adquirir Harleys, e, a partir de alguns trabalhos a personalização foi sendo aceita”.

Apesar das concessionárias oferecerem diversos acessórios, a preferência pela customização é nítida. Alexandre Giarreta, administrador de empresas, comprou sua primeira Harley – uma “Fat Boy” azul - e logo sentiu necessidade de personalizá-la, “sempre quis ter uma H-D, mas quero mudar muita coisa! O legal da customização é que você pode encontrar outras pessoas com o mesmo modelo que você, mas nunca com transformações iguais, cada moto fica de um jeito. Na concessionária todo mundo compra o mesmo acessório, na customizada é diferente.”

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Montando um quebra cabeça

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Segundo Zambotto, quando um cliente entra em uma loja para customizar sua moto não tem uma idéia muito clara sobre as modificações que deseja fazer, geralmente pede que a deixe mais “agressiva”. “A primeira coisa que faço é conversar com o cliente, preciso entender qual é o seu estilo e gosto, somente com essa percepção é que consigo pensar nas características da moto e nas modificações que melhor atenderão às necessidades dele”, explica.

A adaptação do projeto à realidade é sempre feita com cuidado e muita reflexão. As peças desenvolvidas precisam funcionar perfeitamente e estarem dentro das necessidades exigidas. Medidas são tiradas do motociclista para que a moto se torne mais confortável e adaptada a pessoa. Na AZ é o publicitário quem desenha e produz as peças e acessórios de que necessita, e, revela que muitas vezes os clientes querem pequenas adaptações: “uma vez um cliente me procurou para aumentar a alavanca do pedal, desenvolvi a peça e resolvi o problema rapidamente, a Harley demoria muito resolver esse tipo de coisa”. No mundo da customização sempre aparecem novos desafios, e é preciso estudo e pesquisa para o desenvolvimento das peças, conforme explica: “os clientes queriam seus escapamentos pintados de preto, mas não havia tinta que ‘pegasse’ dada a elevada temperatura, então desenvolvi junto do pessoal de pesquisa uma tinta feita com o material usado em panelas, o Teflon, e deu certo.”

Quando ficam prontas, as motos saem “velozes e furiosas”, com pintura vibrante, mais cilindradas (o que aumenta a velocidade), guidão adaptado ou escapamento cromado. Os motociclistas ficam extasiados diante da transformação. “Tem cara que monta na moto e não cansa de admirá-la, não desgruda um segundo”, comenta Diego Rodrigues, funcionário da AZ.

Esse trabalho de customização é realizado por profissionais apaixonados por motos, estilistas da emoção. As soluções que inventam para tornar cada modelo construído, uma expressão da personalidade do seu proprietário, são frutos dessa paixão. É um trabalho artesanal, e não produzido em série como numa montadora.

Apesar do mercado em crescimento ainda falta mão-de-obra qualificada para o segmento das motos custom. “A H-D indica muito serviço para as lojas customizadas porque não conseguem atender às necessidades de personalização que os clientes querem”, ressalta Rodrigues.

Tornar uma Harley personalizada tem seu preço, que varia de acordo com a dimensão do projeto, “se o cliente quiser trocar a roda, o guidão e a frente, o custo ficará entre 40 a 60 mil, mas se for deixar somente o motor e modificar a moto inteira, o valor pode ultrapassar 140 mil”, revela o artista.

Quando o assunto é prazo, a resposta é relativa. Uma mudança básica, como a instalação de alguns acessórios, é feita rapidamente, em média uma semana. Caso seja necessário produzir alguma peça, como um guidão, o prazo é capaz de se estender pode durar quase o dobro de tempo. Tudo dependerá do que será feito na motocicleta.

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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

ONG usa reciclagem para integrar jovens carentes

Seleciona, deixa de molho, põe cola, mistura, passa na forma, tira o excesso de água, prensa e seca. Esse é o processo de reciclagem de papel sulfite feito pelo Instituto de Reciclagem do Adolescente, uma organização sem fins lucrativos que busca no desenvolvimento sustentável um caminho para a integração social de jovens moradores da favela do Jaguaré, zona oeste de São Paulo.

“É bom trabalhar aqui”, conta Mayara Santos, funcionária do Instituto e moradora da região. Com jornada de trabalho de 5 horas diárias, a estudante assiste, no próprio Instituto, a aulas complementares de português, matemática, conhecimentos gerais e informática. Além disso, recebe um salário mínimo e tem registro em carteira.

Fundado em 1995 por um grupo de executivos e empresários que desejavam preservar o meio ambiente e, sobretudo promover uma transformação social, o Instituto oferece aos adolescentes da região, através do programa Educação para o Trabalho e Cidadania, oportunidades de desenvolvimento. A coordenadora pedagógica, Moira Demangi, explica que o foco dos projetos criados pela ONG é ressaltar princípios básicos, como o trabalho em equipe, responsabilidade, pontualidade e sustentabilidade, impulsionando os estudantes a novos desafios. “Queremos inserir os jovens da favela em uma realidade diferente e mostrar que através do estudo é possível uma transformação social. A reciclagem é o meio usado para isso”, revela.

As vagas do Instituto podem ser preenchidas por qualquer aluno regularmente matriculado, que tenha entre 14 e 19 anos e tire boas notas na escola. As aulas são ministradas por professores autônomos graduados e que possuem mestrado. Atualmente 100 jovens participam dos programas e há um acompanhamento de seu desempenho escolar.

O processo de reciclagem é coordenado pelo educador e técnico em papel e celulose João Batista da Cruz. Segundo ele, o maior desafio é conciliar a educação dos jovens, o prazo para a entrega e a qualidade dos produtos. “Descobrir como fazer um papel de qualidade sem agredir o meio ambiente e os estudantes é minha maior preocupação”, explica. Os produtos desenvolvidos são feitos com materiais biodegradáveis e não-tóxicos, conforme as normas do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Paulo Roberto de Carvalho, gerente administrativo do Instituto, ressalta que a maior dificuldade é manter financeiramente o projeto. A renda da ONG é obtida através das vendas dos produtos e, em grande parte, de doações. Com mais de 40 parceiros entre empresas e pessoas físicas, o Instituto procura desenvolver materiais que diferenciem seus produtos.

A qualidade empregada, a preocupação com a sustentabilidade e o caráter beneficente do Instituto chamaram a atenção da rede de supermercados Carrefour, que doou, em 2007, o prédio da atual sede. “Uma assistente social da rede viu uma pasta feita por nós e se interessou. Entrou em contato e uma semana depois financiaram o novo espaço”, lembra o gerente. Carvalho buscou outros parceiros para finalizar a obra que resultou num amplo espaço com salas de aula, refeitório, escritório administrativo e uma área de produção.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009


MÁRCIO SCAVONE


Fotografar, arte da fotografia, fotógrafo, clique. Penetro lentamente em um mundo dominado pela luz, sombra, objetividade, imaginação, preto e branco. Percepções. A mensagem transmitida sem intermédio de códigos. Ausência de conotação? Um mero engano. Possibilidades, isso há. Métodos de transformação, aparência modificada. Dilema fotográfico.
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Analógico ou digital? O futuro se mistura com o passado de maneira intensa, mas não se anulam, completam-se. A digitalização dos meios fotográficos atuou como um divisor de águas no quesito praticidade, economiza-se tempo e otimizam-se os resultados. Márcio Scavone sentiu de perto tal mudança e enxerga a nova realidade com visão crítica e realista.

Na coexistência entre o amador e o profissional, extremos atenuam-se através dos programas de tratamento imagético. A diferença? O olhar; esse sentido tão fundamental para a fotografia transforma os resultados. Muitos podem tirar fotos, poucos fazer arte.



Um trabalho diferente

Percepção, detalhe, olhar cirúrgico, características presentes no trabalho de Scavone. Um fotógrafo que descobriu a magia das lentes muito cedo com seu pai e apaixonou-se por ela. Paixão, algo explícito neste profissional. O encantamento produzido pelo método fotográfico e a “bruxaria” do profissional trazem uma realidade diferente aos olhos.

Com formação humanista, Márcio conta histórias com suas fotos. Mas não foi sempre assim. Iniciou sua carreira como fotógrafo de publicidade em um estúdio espanhol. No mundo publicitário conviveu com o culto à imagem, ao estetismo e à beleza. Aprimorou suas técnicas e chegou ao auge de sua carreira. Sentiu-se, contudo, incompleto. Sua busca estava apenas no começo.


Contar histórias, fotografar gente. Foi nos ensaios fotográficos que encontrou seu formato ideal. A produção de coberturas jornalísticas possibilitou um redescobrimento pessoal. Transcendeu a publicidade e o fotojornalismo, atingiu a plenitude fotográfica, a arte sem fronteiras, a linguagem universal.
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Fotografar, a eterna descoberta

Scavone tem consigo um mundo de descobertas, seus insights transformam lugares e pessoas. Conheci o trabalho de Scavone através de uma cobertura fotográfica para a revista National Geografic, bela foto de capa, bairro da Liberdade, lugares inusitados, gente comum, transeuntes imersos no oásis japonês da metrópole paulistana. Porém, havia algo diferente. Abri a revista com a curiosidade de uma estrangeira, lá me deparei com a arte da vida impressa em 35 mm. Mas não para no clique. Um mistério permeia as fotos deste profissional e se estende para o campo da literatura. Suas linhas completam os ensaios como uma moldura num quadro, deixando transparecer toda sensibilidade empregada.
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Tarefa cumprida? Não. Os modos calmos deste fotógrafo escondem o mistério e sua busca pelo novo. Parar? Não posso, diz ele. Que assim seja. Ganhamos nós em desfrutar da arte de um fotógrafo dominado pela vontade, pela busca da perfeição e da satisfação de um trabalho bem feito.

domingo, 20 de setembro de 2009

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Visão deturpada se corrige

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Nossa visão sobre política encontra-se deturpada, sofremos da cegueira social, da indiferença crônica, do desapego à vida.

Nas assembléias gregas votações eram feitas e decisões tomadas, mas a discussão política não estava restrita àquele ambiente, pelo contrário, havia o entendimento da coisa pública, onde a participação de cada cidadão era essencial. Debatia-se nas universidades, nas praças, nas ruas. Os políticos faziam política a todo momento, conversavam com a população, participavam da economia cotidiana. Percebemos, contudo, que a idéia de participação ativa dos indivíduos da comunidade foi se deteriorando com o passar dos séculos. Nesse âmbito, outro fator deve ser levado em consideração: a ambição do homem se materializou no conceito de poder. A dominação do homem pelo homem atingiu seu ápice na manipulação política. Doutrinas voltadas ao desenvolvimento econômico foram criadas como forma de sacralizar a ambição humana pelo dinheiro e poder. Foi então, com a reforma protestante que o cenário político confirmou seu novo rumo, maior desenvolvimento e uma mudança no foco econômico e religioso.

Com a formação das monarquias nacionais o poder estava assentado. Surge a figura onipresente do rei. Símbolo áureo do poder e da ambição, tem o destino de uma nação sob sua responsabilidade.

A ambição humana ultrapassa barreiras em situações de completo domínio. A política outrora pensada em conjunto, vê-se agora como um ofício para poucos, para escolhidos.

Teóricos como Maquiavel mostram como utilizar o poder adquirido para expandir seu domínio e tornar-se aceito pela população, se não pelo amor, pelo temor. Suas teorias expostas no livro “A arte da Guerra” e em “O Príncipe” denotam tais idéias.

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“Um príncipe hábil deve pensar na maneira pelo qual possa fazer com que seus cidadãos sempre e em qualquer circunstância tenham necessidade do Estado e dele mesmo, e este, então, sempre lhe serão fieis.”

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe, cap XIV Do principado civil

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O poder cria um modo de ser, agir e dominar. Tal mudança faz com que haja um distanciamento da população que já não se sente parte operante do processo, ao contrário, a postura política adotada pelo monarca ou por representantes atuais de governo foge do conceito grego defendido por Hannah Arendt, em que a pluralidade de homens faz a política.

Poderes absolutos como o conquistado por Átila, o Huno também nos revelam o entendimento dos novos líderes políticos:

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“O rei pode usar seu poder e sua fúria para intimidar e ganhar respeito e consideração do odioso império. Eu próprio, destituirei imediatamente aquele que se julgar com poderes para usar essa mesma influência sobre minhas ações.”

ROBERTS, Wess – Segredos de Liderança de Átila, o Huno

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Muda-se o foco, mudam as atitudes. A política se fechou e foi transmitida desta maneira imperialista aos povos conquistados. O entendimento de política encontra-se desgastado entre a massa e restrito a nichos intelectualizados. Tal percepção torna-se mais nítida quanto maior é a educação de um povo. Uma vez que, com “olhos adaptados” à nova realidade é possível perceber que apesar do ser político ter sido corrompido pelo poder, a democracia deve permanecer coesa e ativa. Quando tal regime é escolhido, deve-se ter em mente a responsabilidade assumida, não somente do representante, mas do eleitorado também.

Na realidade atual, permanecer passivo diante dos movimentos políticos e econômicos é cavar a própria cova. Se o poder está instaurado, cabe à população retomar o controle e se fazer ouvida. Não é na ignorância que conseguimos respeito. Não é dormindo que venceremos a batalha.

O poder pode ser a ambição máxima de todo homem, mas o poder político deve ser sinônimo de ética e responsabilidade. Governar é algo complexo, eleger também. Mas convém estar preparado para que não sejamos subjugados por falta de coragem e decisão.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Olá pessoal!


Entrevistei um profissional que vale muito a pena conhecer! Aproveitem!


PERFIL DO ENTREVISTADO

Maestro, diretor musical, compositor, professor da Universidade Metodista de São Paulo desde 2001, ganhador de 11 prêmios de teatro e cinema, entre eles o APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), Mambembe e Prêmio Shell, já compôs e produziu a trilha sonora de quatro curtas-metragens e três programas de televisão, esse é... DYONÍSIO MORENO.


Os desafios de um compositor


KRAINEM: Como iniciou na carreira musical?

DYONÍSIO: Estudo piano desde os cinco anos, porém como um hobby, a alegria da família. Sempre tive muita facilidade musical e bom ouvido para tocar sem partitura. Na faculdade porém, para agradar minha família, escolhi engenharia, dois anos depois estava quase morrendo. Então tomei coragem e fui fazer publicidade. Parei com a engenharia e prestei para música, fazendo junto de publicidade. A propaganda foi uma ponte para o que gostava já que era uma área relacionada à música, à fotografia, enfim, às artes em geral. Fiz quatro anos na faculdade de música, com especialização em composição e regência, mas continuei por mais uns dez estudando composição.


KRAINEM: Em sua opinião, qual foi o período de maior efervescência musical no Brasil?

DYONISIO: Sem dúvida foi a época de 60 e 70, da Bossa Nova, dos festivais e do Tropicalismo. Todos esses movimentos eram muito originais e ricos musicalmente e esteticamente falando. A Bossa Nova é um estilo de música que buscou inspiração no impressionismo francês; ela influenciou a música do mundo inteiro, no inicio “bebeu” um pouco no jazz, mas quando se estruturou ocorreu o inverso. Depois, o tropicalismo utilizou de elementos da Bossa Nova, do folclore brasileiro e do rock da Jovem Guarda que também foi um movimento muito importante.


KRAINEM: Como era antigamente a produção musical sem toda a aparelhagem técnica?

DYONISIO: Antes desse avanço tecnológico o elenco era mais preparado para ter uma postura vocal apropriada para teatro, hoje eles estudam já sabendo que terão microfones.

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KRAINEM: Como diretor musical da peça “O Primo Basílio”, qual foi a sua primeira preocupação quando recebeu o roteiro?

DYONISIO: O “Primo Basílio”, editado em 1878, teve seu roteiro adaptado para o Rio de Janeiro do final da década de 50. Então, o texto passou para uma linguagem de época e as músicas também. Temos bossa nova, samba canção, boleto, tango... Minha primeira preocupação foi ouvir a música daquela época para procurar entender o clima e o estilo da estética da peça, já que eu não podia sair muito fora do roteiro. Por outro lado, acredito que a função de um compositor como artista não seja reproduzir integralmente a época; temos sim uma liberdade poética de extrapolar um pouco e foi o que busquei na concepção dos arranjos, entendendo a estética da época e acrescentando alguma personalidade naquele conjunto de músicas.


KRAINEM: Qual foi o seu papel como diretor na peça?

DYONISIO: Não escolhi as músicas, elas já vieram na adaptação. Eu escrevi os arranjos e fiz a direção musical de cena, decidi como os músicos tocariam e cantariam, além de suas entradas e saídas de cena. O espetáculo tem cinco entradas, cinco músicas de cena que não são de época e foram feitas especialmente para a ocasião. Há um tema próprio para a personagem Juliana, apresentada de quatro formas diferentes e outro para a personagem Castro, o banqueiro.


KRAINEM: Já compôs para peças épicas como “Tristão e Isolda”, de época como “O Primo Basílio” e até superproduções como “Miranda”. Como se prepara para situações tão inusitadas e diferentes entre si?

DYONISIO: Penso que tanto um compositor de teatro como de cinema tem que possuir uma cultura musical ampla, conhecer desde o canto gregoriano até os experimentos mais novos de música contemporânea. Se ele não tiver tal preparo haverá barreiras ao produzir certos trabalhos. A faculdade de música já fornece um direcionamento preparatório, mas além disso, há a música popular que você conhece a partir do seu interesse e amplia seu repertório.

.KRAINEM: Qual a principal diferença entre compor trilha para teatro e cinema?

DYONISIO: A diferença base é que o teatro é vivo, as pessoas estão em cena. Eu como diretor musical, tenho que sincronizar a sequência e a ação dramática, a entrada e a saída de luz e do cenário. É muito pessoal esse trabalho porque o ator que está em cena faz cada dia um pouquinho diferente, não é como no cinema em que a estrutura musical é fixa de modo a não permitir maiores “rompantes” dos atores.

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KRAINEM: Uma trilha sonora já está preestabelecida com o roteiro ou o compositor tem liberdade de adaptação?

DYONÍSIO: O compositor deve ter liberdade. O roteiro não é o espetáculo, assim como a partitura não é a música. A música é o que se ouve. Há roteiros fechados, em que o diretor quer aquilo, daquele jeito porque essa é a concepção dele. Mas acho que o melhor que um diretor pode fazer é permitir que o compositor sugira, adapte e melhore seu roteiro.

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KRAINEM: Já recebeu mais de 9 prêmios de teatro, como o Shell e o APETESP, sendo também premiado nos festivais de cinema de Havana e Gramado, a que relaciona tamanho sucesso?

DYONÍSIO: Sucesso... No Brasil ganhar um prêmio não leva você a sucesso. Quando fiz o espetáculo “Maria a borralheira” ganhei todos os prêmios para o teatro do estado de São Paulo, e, após isso fiquei dois anos sem trabalhar. Se você tivesse nos Estados Unidos e ganha um prêmio grande sua carreira já está consolidada, aqui isso não acontece.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009




3D Pop, uma arte descolada


Com um estilo diferente, o artista de Itapetininga movimenta o mundo artístico



Surreal? Não. Cubista? Não. Abstrato? Não. Não, não e não. É Pop. 3D Pop. É Paulo Lara.

Diferente e inusitado, o 3D Pop encanta o público e atrai a atenção de artistas do mundo inteiro.

Na arte, criada pelo arquiteto e artista plástico Paulo Lara, há uma aguçada percepção estética que faz com seus quadros destaquem-se e configurem um novo estilo. Estão .presentes elementos do cotidiano representados de maneira inusitada e criativa. São utilizadas muitas cores na composição das obras, os tons usados são fortes e chamativos para que prendam a atenção do público; outro fator marcante nesse estilo é o uso de diferentes perspectivas que ofereçam uma sensação de movimento. Além disso, o traço é livre, ou seja, o artista foge dos padrões estéticos convencionais sem prejudicar a harmonia entre os elementos. É assim que Lara apresenta a nova arte para o mundo: com inovação, ousadia e claro, muita criatividade.


Origem e influências artísticas


“Gosto muito dessa combinação da computação gráfica e animação”, diz o arquiteto. É nesse mundo interativo que Lara busca a tendência de seus quadros. O nome 3D Pop relaciona-se com as influências retiradas dos movimentos Pop Art e Cubismo, além da interação entre a perspectiva e o volume dos objetos, como explica o artista. “No Pop Art, há elementos do cotidiano e o uso de muitas cores assim como ocorre no 3D Pop, mas existem muitas diferenças já que trabalho com volume nas cenas, passando a sensação de tridimensionalidade”. Seu primeiro desenho empregando o novo estilo foi feito a pedido de sua filha. “Ela me pediu que fizesse um desenho para que colorisse, mas que não fosse parecido com uma foto e que ninguém dissesse que estava errado”, conta.


Alguns movimentos artísticos influenciaram o artista de maneira decisiva, dentre eles o Cubismo, originado no final do ano de 1906 com a exposição do quadro “Les Demoiselle D’Avignon”, do artista Pablo Picasso. Esse estilo tem na perspectiva um fator decisivo já que os objetos de cena são retratados em diferentes ângulos e posições numa mesma tela. Essa técnica também é utilizada na arte 3D Pop como relata Lara: “trabalho com multiperspectivas, penso primeiro nos objetos isolados e depois os coloco em ângulos diferentes de modo a parecer que está tudo balançando, como se houvesse movimento”.


Contudo, foi na arte Pop que Lara sentiu forte influência para compor seu trabalho. Esse movimento vanguardista teve início em 1965 com a colagem “O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes?” de Richard Hamilton. As principais características do Pop Art são o uso de elementos do cotidiano, forte presença das cores e a cultura Pop como referência para a criação dos quadros.


Um artista nato


Paulo Lara nasceu em Itapetininga, interior do estado de São Paulo, e já aos doze anos se identificava com desenho. Era copiando as personagens de Maurício de Souza e os quadrinhos dos estúdios de Walt Disney que treinava seu traço. Colecionava gibis e sempre gostou da arte diferenciada que eles mostravam. Com o passar dos anos perceberia o quanto os desenhos animados o influenciariam em suas obras.


Trabalhando em um estúdio de artes em São Paulo, pôde desenvolver sua percepção estética, conforme relata: “mesmo quem nasce com facilidade para o desenho deve ter o entendimento de que pode melhorar ainda mais”. Foi assim que aprendeu diversas técnicas para futuramente usaria para confeccionar seus quadros.


Em 1994, cursou na Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) a faculdade de arquitetura e urbanismo. “Antes dessa fase Pop fazia muitas obras acadêmicas com técnicas aprendidas e desenvolvidas durante a faculdade, isso fez com que pudesse treinar diferentes habilidades e me aperfeiçoar ao máximo”, ressalta o artista.


Tornar-se um artista plástico foi algo natural em sua carreira; auto didata, fez vários painéis, fachadas comerciais, logotipos para empresas, entre outros trabalhos. Foi a partir destas experiências que a arte 3D Pop se configurou, quando em 2004 começou a dedicar-se integralmente à nova profissão. Participou de diversas exposições coletivas e individuais, como na Exposição Internacional do Chile em 2009. Mas alguns prêmios foram fundamentais em sua carreira, dentre eles destacam-se o troféu de ouro do VII Salão Comemorativo de São Paulo em 2007 e o troféu de prata no 2º Salão Internacional de Artes Visuais em 2008. “Foi muito importante ganhar estes prêmios porque valorizou o meu trabalho e me lançou a novos desafios”, lembra.


Depois do sucesso das primeiras telas não parou mais, o 3D Pop “cresceu” artisticamente e se expandiu para a escultura. O artista “recorta” um objeto da cena e o transporta para uma “tela” de parede feita de um Material Derivado da Madeira (MDF), mais conhecido como placa de fibra de madeira de média densidade. Como a confecção dessas esculturas demora de 30 a 40 dias em média, é comum a “seleção” dos objetos de uma cena para facilitar a composição do trabalho. Mas o artista e arquiteto de Itapetininga não pára por aí. “ Ainda há muito para pintar, criar e descobrir”, lembra Lara.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Oie!

Pensei em uma crônica, espero que gostem!

Uma sopa, por favor!

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Num canto escuro, gélido e solitário lá estava ela, aliás, sempre estava. Tomando uma sopa quente servida desanimadamente pela garçonete. Tomava sua sopa, pagava e saía. Todos os dias da mesma maneira, seus hábitos já causavam indagações entre os frequentadores ...porquê essa obsessão por sopa? Era muda? Seria ela um alguém do outro mundo? Até mesmo sua sanidade mental estava posta em dúvida.

Certo dia a pálida senhora chegou para sua habitual refeição. Gabrielle, a garçonete, se aproximou e tentou estabelecer contato:

- Olá senhora...., senhora...., bem, qual é seu nome mesmo?

Silêncio foi a resposta, somente abriu o cardápio e indicou seu pedido: uma sopa quente.

- Ah...claro, já imaginava, só um momento. – respondeu a garçonete.

Após quase dois meses servindo a mesma refeição para a sombria senhora, Gabrielle resolveu desvendar tamanho mistério. Assim que avistou a cliente, serviu-a rápido e avisou que iria sair.

Esperou ansiosa fora do cômodo e, após alguns minutos apareceu a figura de uma mulher extremamente branca, de olhos azuis bem abertos e longos cabelos brancos. Era ela! Andava rápido e não olhava para trás, Gabrielle a seguia silenciosamente.

Esquinas após esquinas, corredores após corredores, a senhora continuava. Não cumprimentava ninguém, não entrava em quarto algum, apenas andava em frente. Passados alguns minutos eis que a caminhada cessa. Estavam em um beco escuro, já era noite e o lugar parecia mais inóspito.

A garçonete ao longe só observava. De repente, um longo grito quebrou o misterioso encanto, uma luz se acendeu e ouviu-se uma voz vinda de longe dizendo:

- Gabrielle! Gabrielle! Acalme-se! Descanse, já passou! disse a enfermeira.

- Passou...passou...perdi a velha! Não a deixem fugir... – delirava a enferma.

Ao seu lado outros pacientes já prestavam atenção no tumulto, inquietos em suas camas com olhos vidrados na enfermeira que reclamava sem cessar:

- Não aguento mais isso! Toda vez que é a hora da refeição essa criatura derruba toda a sopa e como se não bastasse, ainda repete a tal história da garçonete e me coloca no meio! Sombria.... nem gosto de sopa! Pra mim chega! Manicômios, nunca mais!

Gabrielle olha para o paciente ao seu lado e diz:

- Até que enfim descobri o segredo desta velha: ela enjoou de sopa. Coitada!

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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Caros Leitores,

Em meu blog vocês encontrarão de tudo: crônicas, entrevistas, matérias jornalísticas e até devaneios! Fiquem ligados e não percam as novidades que virão! Aguardo todos.

Com carinho,

uma dedicada jornalista.