quarta-feira, 26 de agosto de 2009




3D Pop, uma arte descolada


Com um estilo diferente, o artista de Itapetininga movimenta o mundo artístico



Surreal? Não. Cubista? Não. Abstrato? Não. Não, não e não. É Pop. 3D Pop. É Paulo Lara.

Diferente e inusitado, o 3D Pop encanta o público e atrai a atenção de artistas do mundo inteiro.

Na arte, criada pelo arquiteto e artista plástico Paulo Lara, há uma aguçada percepção estética que faz com seus quadros destaquem-se e configurem um novo estilo. Estão .presentes elementos do cotidiano representados de maneira inusitada e criativa. São utilizadas muitas cores na composição das obras, os tons usados são fortes e chamativos para que prendam a atenção do público; outro fator marcante nesse estilo é o uso de diferentes perspectivas que ofereçam uma sensação de movimento. Além disso, o traço é livre, ou seja, o artista foge dos padrões estéticos convencionais sem prejudicar a harmonia entre os elementos. É assim que Lara apresenta a nova arte para o mundo: com inovação, ousadia e claro, muita criatividade.


Origem e influências artísticas


“Gosto muito dessa combinação da computação gráfica e animação”, diz o arquiteto. É nesse mundo interativo que Lara busca a tendência de seus quadros. O nome 3D Pop relaciona-se com as influências retiradas dos movimentos Pop Art e Cubismo, além da interação entre a perspectiva e o volume dos objetos, como explica o artista. “No Pop Art, há elementos do cotidiano e o uso de muitas cores assim como ocorre no 3D Pop, mas existem muitas diferenças já que trabalho com volume nas cenas, passando a sensação de tridimensionalidade”. Seu primeiro desenho empregando o novo estilo foi feito a pedido de sua filha. “Ela me pediu que fizesse um desenho para que colorisse, mas que não fosse parecido com uma foto e que ninguém dissesse que estava errado”, conta.


Alguns movimentos artísticos influenciaram o artista de maneira decisiva, dentre eles o Cubismo, originado no final do ano de 1906 com a exposição do quadro “Les Demoiselle D’Avignon”, do artista Pablo Picasso. Esse estilo tem na perspectiva um fator decisivo já que os objetos de cena são retratados em diferentes ângulos e posições numa mesma tela. Essa técnica também é utilizada na arte 3D Pop como relata Lara: “trabalho com multiperspectivas, penso primeiro nos objetos isolados e depois os coloco em ângulos diferentes de modo a parecer que está tudo balançando, como se houvesse movimento”.


Contudo, foi na arte Pop que Lara sentiu forte influência para compor seu trabalho. Esse movimento vanguardista teve início em 1965 com a colagem “O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes?” de Richard Hamilton. As principais características do Pop Art são o uso de elementos do cotidiano, forte presença das cores e a cultura Pop como referência para a criação dos quadros.


Um artista nato


Paulo Lara nasceu em Itapetininga, interior do estado de São Paulo, e já aos doze anos se identificava com desenho. Era copiando as personagens de Maurício de Souza e os quadrinhos dos estúdios de Walt Disney que treinava seu traço. Colecionava gibis e sempre gostou da arte diferenciada que eles mostravam. Com o passar dos anos perceberia o quanto os desenhos animados o influenciariam em suas obras.


Trabalhando em um estúdio de artes em São Paulo, pôde desenvolver sua percepção estética, conforme relata: “mesmo quem nasce com facilidade para o desenho deve ter o entendimento de que pode melhorar ainda mais”. Foi assim que aprendeu diversas técnicas para futuramente usaria para confeccionar seus quadros.


Em 1994, cursou na Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) a faculdade de arquitetura e urbanismo. “Antes dessa fase Pop fazia muitas obras acadêmicas com técnicas aprendidas e desenvolvidas durante a faculdade, isso fez com que pudesse treinar diferentes habilidades e me aperfeiçoar ao máximo”, ressalta o artista.


Tornar-se um artista plástico foi algo natural em sua carreira; auto didata, fez vários painéis, fachadas comerciais, logotipos para empresas, entre outros trabalhos. Foi a partir destas experiências que a arte 3D Pop se configurou, quando em 2004 começou a dedicar-se integralmente à nova profissão. Participou de diversas exposições coletivas e individuais, como na Exposição Internacional do Chile em 2009. Mas alguns prêmios foram fundamentais em sua carreira, dentre eles destacam-se o troféu de ouro do VII Salão Comemorativo de São Paulo em 2007 e o troféu de prata no 2º Salão Internacional de Artes Visuais em 2008. “Foi muito importante ganhar estes prêmios porque valorizou o meu trabalho e me lançou a novos desafios”, lembra.


Depois do sucesso das primeiras telas não parou mais, o 3D Pop “cresceu” artisticamente e se expandiu para a escultura. O artista “recorta” um objeto da cena e o transporta para uma “tela” de parede feita de um Material Derivado da Madeira (MDF), mais conhecido como placa de fibra de madeira de média densidade. Como a confecção dessas esculturas demora de 30 a 40 dias em média, é comum a “seleção” dos objetos de uma cena para facilitar a composição do trabalho. Mas o artista e arquiteto de Itapetininga não pára por aí. “ Ainda há muito para pintar, criar e descobrir”, lembra Lara.

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