quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Caros leitores,

É um texto imagético, se é que isso é possível...

Melancolia, descrença, vazio, nada. Nada. O que há? Espera. Uma espera tão longa quanto às noites mal dormidas de cada um deles. O que há? Cansaço. Cansaço. É a vida se extinguindo languidamente sob o sol escaldante. O que há? Esperança. Olhos fixos. Coração pulsante. Tum-tum, Tum-tum. E na frente? Seus olhares concentrados vislumbram o próximo mês, talvez o dia seguinte. Quem sabe? Por trás da janela dois homens concentrados em seus trabalhos metódicos. Eles contam. Contam o futuro dos outros, os que estão lá fora; não imaginam, contudo, a importância do que contam. Mas continuam. São assistidos pelos olhares externos, não se preocupam, fazem seu trabalho. O que há? Há miséria, senhores, isso há. Poucas notas sobre a mesa, muitas pessoas lá fora. São trabalhadores, plantam chá. Provavelmente não sabem o gosto do que produzem, mas aguardam bovinamente seus minguados salários. Apertam-se atrás da janela. Apertam-se. Disputam seu lugar em meio à desordem. Esperam. Tum- Tum. Esperam. O quê? O quê? Seus olhares perdidos buscam um caminho para percorrer, algo em que acreditar ou futuro melhor? Não se sabe, o que se percebe é o ar de suspense que prende a fala, reduz a respiração, acelera o coração. Não, não é o amor, é o dinheiro. Dia de pagamento.