segunda-feira, 5 de outubro de 2009


MÁRCIO SCAVONE


Fotografar, arte da fotografia, fotógrafo, clique. Penetro lentamente em um mundo dominado pela luz, sombra, objetividade, imaginação, preto e branco. Percepções. A mensagem transmitida sem intermédio de códigos. Ausência de conotação? Um mero engano. Possibilidades, isso há. Métodos de transformação, aparência modificada. Dilema fotográfico.
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Analógico ou digital? O futuro se mistura com o passado de maneira intensa, mas não se anulam, completam-se. A digitalização dos meios fotográficos atuou como um divisor de águas no quesito praticidade, economiza-se tempo e otimizam-se os resultados. Márcio Scavone sentiu de perto tal mudança e enxerga a nova realidade com visão crítica e realista.

Na coexistência entre o amador e o profissional, extremos atenuam-se através dos programas de tratamento imagético. A diferença? O olhar; esse sentido tão fundamental para a fotografia transforma os resultados. Muitos podem tirar fotos, poucos fazer arte.



Um trabalho diferente

Percepção, detalhe, olhar cirúrgico, características presentes no trabalho de Scavone. Um fotógrafo que descobriu a magia das lentes muito cedo com seu pai e apaixonou-se por ela. Paixão, algo explícito neste profissional. O encantamento produzido pelo método fotográfico e a “bruxaria” do profissional trazem uma realidade diferente aos olhos.

Com formação humanista, Márcio conta histórias com suas fotos. Mas não foi sempre assim. Iniciou sua carreira como fotógrafo de publicidade em um estúdio espanhol. No mundo publicitário conviveu com o culto à imagem, ao estetismo e à beleza. Aprimorou suas técnicas e chegou ao auge de sua carreira. Sentiu-se, contudo, incompleto. Sua busca estava apenas no começo.


Contar histórias, fotografar gente. Foi nos ensaios fotográficos que encontrou seu formato ideal. A produção de coberturas jornalísticas possibilitou um redescobrimento pessoal. Transcendeu a publicidade e o fotojornalismo, atingiu a plenitude fotográfica, a arte sem fronteiras, a linguagem universal.
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Fotografar, a eterna descoberta

Scavone tem consigo um mundo de descobertas, seus insights transformam lugares e pessoas. Conheci o trabalho de Scavone através de uma cobertura fotográfica para a revista National Geografic, bela foto de capa, bairro da Liberdade, lugares inusitados, gente comum, transeuntes imersos no oásis japonês da metrópole paulistana. Porém, havia algo diferente. Abri a revista com a curiosidade de uma estrangeira, lá me deparei com a arte da vida impressa em 35 mm. Mas não para no clique. Um mistério permeia as fotos deste profissional e se estende para o campo da literatura. Suas linhas completam os ensaios como uma moldura num quadro, deixando transparecer toda sensibilidade empregada.
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Tarefa cumprida? Não. Os modos calmos deste fotógrafo escondem o mistério e sua busca pelo novo. Parar? Não posso, diz ele. Que assim seja. Ganhamos nós em desfrutar da arte de um fotógrafo dominado pela vontade, pela busca da perfeição e da satisfação de um trabalho bem feito.

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